Assessoria e Consultoria Esportiva

O perigo do overtraining

O treinador e professor Belino Coelho, Diretor técnico da Elite Assessoria Esportiva, do Brasil, responsável pelo treino e orientação de mais de 150 atletas, inclusive no estrangeiro, escreve a sua segunda crónica para o CORREDORES ANÓNIMOS, com o português do Brasil. O tema escolhido foi o «OVERTRAINING», um assunto sempre atual e desconhecido por muitos.

Dentro do treinamento, o “OVERTRAINING” é chamado também de “Excesso de treinamento”, o que significa dizer que o atleta ou o seu treinador exagerou na quantidade de cargas de treino – seja em relação a intensidade ou em relação ao volume de treino – sem dar o intervalado necessário a sua recuperação.

O overtraining não é algo que acontece de uma hora para outra, pelo contrário, é algo que vai se instalando no organismo de forma silenciosa e gradativa, em função, principalmente, do acúmulo de treinos e do tempo insuficiente de recuperação de um treino para o outro.

Para toda carga de treinamento aplicada (aqui eu me refiro tanto a intensidade quanto ao volume de treino ou a relação entre os dois), existe um tempo previsto para a recuperação, a qual está diretamente ligada à idade e ao nível de condição do atleta: quanto mais treinado estiver, mais rápido será a recuperação.

Como treinador no Brasil, não é raro me deparar com atletas que acabam correndo um volume de treino maior que o solicitado pelo seu técnico; ou treinando numa intensidade acima da solicitada; ou até mesmo participando de competições não planejadas.

A justificativa encontradas por eles geralmente são as seguintes:

“Estava me sentindo bem e por isso corri um volume maior ou treinei mais forte.”
“Usei a competição para fazer o meu treino.”
“Corri um volume maior para acompanhar um amigo. Mas foi bem de levinho, viu…”

Não haveria problema se isso acontecesse uma vez ou outra e a estrutura física (ossos, tendões, músculos, ligamentos, etc.) correspondesse com a carga de treino ou de competição aplicada, caso contrário o risco de lesão é maior, principalmente as fraturas por estresse.

O grande problema é quando isso se torna frequente e, principalmente, quando o atleta esconde isso do seu treinador com medo de levar uma bronca e porque não quer que o treinador mude o treino para focar na recuperação.

As situações que citei acima são passíveis de levar o atleta ao estado de overtraining a médio e longo prazo e os principais sintomas para a sua detecção são:

Queda do rendimento nos treinos e competições;
Mal humor e irritabilidade;
Perda da qualidade do sono ou insônia;
Perda da motivação e vontade de treinar ou competir;
Medo e aumento da ansiedade pré-competição;
Perda da confiança.

O melhor a fazer nesse momento, em que os sintomas são evidentes, é:

Descansar, dormir;
Diminuir o volume e intensidade dos treinos, no caso somente treinos regenerativos, vale até mesmo usar outros esportes para esse fim, como por exemplo, a natação;
Sessões de massagem desportiva;
Sessões de Fisioterapia voltada para a recuperação
Sessões de trabalho psicológico com um psicólogo esportivo.

Essas medidas o ajudarão a reverter o quadro de overtraining e evitará o pior de todos os males ao atleta, que é o aparecimento de alguma lesão.

Portanto…

Confie e faça somente aquilo que o seu treinador recomendou
Se cometer exageros, avise-o, mesmo que seja alvo de uma bronca (com essa informação ele ajustará os seus próximos treinos e evitará que uma provável situação de overtraining se instale, permitindo assim que o mecanismo de supercompensação seja mais eficiente, garantindo a sua evolução gradual nas corridas.

Aliás, sabe o que é supercompensação? Não? Então não perca o próximo artigo, na próxima semana.

* Contatos:
Mail: belino.coelho@eliteesportiva.com.br
Telefone: +55 11 5518-3409